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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Viagem setembro-outubro/2013 – parte 6: Buenos Aires

 

Nesta postagem relatamos nossa ida à grande Buenos Aires (10.000.000 hab.) e a visita à “Autoclásica 2013”.

A travessia com o mhome, no Buquebus Eladia Isabel (3h) foi tranquila, sem contratempos. É um imenso catamarã (85m de comprimento e 7 pavimentos), estável, com cafeteria, free shop, cassino,... A bordo contemplamos um belo nascer do sol visto desde a popa.  

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No desembarque, o fiscal da aduana apenas perguntou se éramos turistas brasileiros ou ambulância (logotipo da cruz no fundo verde!), e afirmou “adelante”. Logo na saída do Buquebus, há o estacionamento da Fundação Hospital Argerich (S 34º35,725’ W 58º22,144’) onde já ficamos outra vez (indicado pelos amigos Vanda e Paulo Vier).  Ali estacionamos, estrategicamente situados, custo de PAr 150 (R$ 63,00) por dia.

É um local seguro (área da Prefectura Naval), tem um ponto de água, mas não há energia elétrica nem local de despejo de esgoto. Nestes momentos, nosso investimento na placa solar (geradora de energia para as baterias) e no compressor Danfoss para a geladeira (instalado pela Refrináutica), compensam muito, tornando o mhome suficientemente autônomo.

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Após as 9h saímos a passear a pé. Fomos no Terminal da Buquebus para tentar câmbio (U$1,00 – PAr5,16), mas desistimos pois no free shop do navio estava U$1,00 – PAr9,00!  Fomos até a Informações Turísticas, para conseguir mapas, dicas para ir à San Isidro (Autoclásica), passeios,.. mas estava fechada.

Caminhamos até a Calle Florida, onde, segundo o atendente do estacionamento, conseguiríamos câmbio melhor. Como não encontramos casa de câmbio aberta, perguntamos  numa banca de revistas, ao que o proprietário, muito gentil, disse que ele mesmo fazia: U$1 – PAr9,25!!! Quase o dobro que o câmbio oficial, uma característica desta fase argentina…

Ali perto, visitamos a “Galerias Pacifico”, um belo prédio, pinturas e detalhes nas paredes bastante elaborados. Almoçamos ali mesmo (fast food); tiramos algumas fotos, depois caminhamos até a outra Informação Turística indicada no mapa, e também, as atendentes “não vieram trabalhar”.

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História da Galerias Pacifico: “no final do séc. XIX,  Francisco Seeber e Emilio Bunge queriam construir um Bon Marché Argentino (como havia na França); mas em 1890 a Argentina passou por forte crise e, em 1908 venderam parte do prédio para a ferrovia Buenos Aires ao Pacífico. No ano de 1945 o edifício foi remodelado, ganhando murais na cúpula central. Em 1989 foi declarado Monumento Histórico Nacional e em 1992 foi inaugurado o Centro Comercial e Cultural, tornando-se o Bon Marché tão sonhado”. 

Visitamos a Torre dos Ingleses (1916), a Estação Retiro (já foi luxuosa) e, com as informações de raros gentis argentinos (a atendente dos trens não sabia), tomamos o trem para ir a grande loja Sodimac (trem Retiro – Suarez,  estação Miguelete).

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Porém, o trem que normalmente faz o trajeto em 30 min., demorou 1 hora. Em pé,  muita gente (não pessoas) entrando aos montes em cada estação; mau cheiro e sujeira são palavras doces para descrever o que vimos e sentimos; crianças esfarrapadas agredidas por adultos, nojentos vendedores ambulantes aos berros (biscoitos, tesouras, cartões, panos, etc.)  e enganadores pedintes de toda forma...

Enfim, chegamos à Sodimac, mas sem a variedade de produtos que vimos na loja do Chile, e com preços exorbitantes. Fomos ao Carrefour (ao lado), e logo nas primeiras gôndolas sentimos a situação da população argentina: tomates ao equivalente a R$30/kg (trinta reais!); beringela a R$11/kg; os queijos argentinos famosos e deliciosos, dificilmente encontra-se por menos de R$60/kg; cerveja a R$4/latinha, vinhos mais baratos (3ª linha), R$10/garrafa e melhores a mais de R$100!

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Tudo: pães, massas, enlatados, frutas, carnes, produtos de higiene e limpeza,.. preços altíssimos. Para não “enfrentar” o trem novamente, pensamos em ir de táxi, mas o motorista disse que não poderia levar, pois estávamos fora da Capital Federal, embora na mesma urbe (não tem autorização para adentrar). Se andássemos 4 quadras, já entraríamos no invisível perímetro e poderíamos então pegar um táxi!  Encaramos então o trem, que desta vez, levou apenas 40 min. e estava menos lotado.

A pé, da estação Retiro até o estacionamento são uns mil metros, mas a dificuldade é atravessar as ruas e avenidas (3 ou 4 faixas de cada lado), lotadas de carros e caminhões o tempo todo e que não respeitam sinaleiras ou faixas. Frustrados e cansados, tomamos um banho restaurador, fizemos um lanche e fomos deitar cedo, descansar do estressante dia e das tantas presentes características da grande capital. Nosso passatempo foi ver os Buquebus chegando e partindo…

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Novo dia, saímos a caminhar para visitar a Casa Rosada, Catedral, Cabildo, Mercado de San Telmo e a Importrailer (peças e acessórios para mhome e afins). Em todo o longo percurso eram raros os espaços sem sujeira, pixações (epidemia); pessoas revoltadas com a situação (principalmente econômica); os vendedores furiosos se você entra na loja e não compra; o taxista revoltado se o percurso for pequeno (sempre caro); os restaurantes e lanchonetes caríssimos, com péssimo atendimento.

Ao passar por ruas de comércio, até nas lojas de griffe, “puxam” os passantes para dentro: “liquidación, brasileño, vitrine chique, conosca”… Continuamente pessoas bem vestidas interpelam-nos querendo nos convencer a comprar algo (pacotes turísticos, bugigangas…).  Chegamos na Importrailer às 12:50h (o comércio não fecha ao meio dia), mas só abriu às 14:30h.  Cansados de esperar, espantamo-nos com os preços: fechadura para porta R$ 800,00; aquecedor para água R$ 3.900,00; pequena grade de ventilação R$60,00 (no Chile, compramos por R$2,50).

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No retorno ao centro, visitamos  a histórica Confiteria Ideal (citada em outra publicação), ambiente desleixado, atendimento indolente e preços exorbitantes: pequena fatia de torta de ricota com refrigerante de 230ml por R$ 23,00.

Sempre evitamos relatos negativos, mas supomos conveniente alertar aos colegas interessados em percorrer o país nesta perversa fase que estão atravessando. Quando estivemos aqui, em maio do ano passado, tudo era muito melhor (atendimento, alimentação, preços, limpeza, trânsito); conseguíamos circular tranquilos, sem este alvoroço de trânsito; não havia tanta sujeira nas ruas, nem o flagrante estresse da população. É impossível imaginar como conseguem a mínima subsistência (alimentação, vestimenta, transporte,…) com tal relação de custos.

Conversamos com argentinos professores universitários, economistas,… os quais foram unânimes em afirmar que não haverá solução sem radical mudança de governantes.  Esperamos que tal situação argentina seja resolvida e, que nós, brasileiros não tenhamos também tais calamitosas decorrências. 

Prevíamos retornar ao Brasil pelo nordeste da Argentina, via Entre Rios, uns 400km até Concordia (AR) e atravessar a ponte para Salto (UY). Aquela região é conhecida pela extorsão de alguns policiais rodoviários, e agora, com tal crise financeira, o desonesto procedimento tende a piorar.  Analisadas as possibilidades e viabilidades, decidimos alterar o roteiro e marcar o retorno de B.Aires (AR) para Colonia (UY). Adquirimos as passagens e a “bodega” para o mhome (já mais caras), para o domingo às 10h.

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O grande objetivo, que nos fez vir até B. Aires foi a Autoclasica Argentina, realiza-se todos os anos no Hipódromo de San Isidro (uns 20km ao norte de B.Aires), normalmente perto do feriado de 12/outubro. Alguns colegas que já participaram diziam que era ótima, sempre planejávamos, e desta vez, aqui estamos!

Estavam lá expostos mais de 600 automóveis e motos antigos; havia feira de antiguidades e de peças raras para tudo que se possa imaginar de carros, motos  e bicicletas.  A exposição abria as 10h e fechava as 18:30h; nós passamos o dia inteiro andando, parando apenas para almoçar, e ainda faltaram coisas para serem vistas!

Logo na entrada, encontramos uma turma de Chapecó-SC, alguns caxienses, paulistas… Começamos pelas dezenas de lojas de peças (autojumble): brinquedos, lampiões, ferros, maquininhas de costurar; motores, miniaturas, camisetas, frisos, borrachas, bancos, faróis, partes de lataria, rodas, pneus, buzinas… 

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Carros de competição (déc. 1920), Porche, Jaguar, Rolls Royce, Cord, Ford T e A, Bugatti, Fuscas, veículos militares, Fiat 500, Isetta, Morris, Gordini, DKW, BMW, Mercedes, Citroen, Peugeot, Renault, MG, Alfa Romeo, Austin,  e alguns raros e estranhos como Zunder, Iame, Borgward, Kaiser, Gogomobil, Clement, Messerchmit, entre muitos outros… Motos e bicicletas de vários tamanhos: BMW, Harley, Honda, Indian; de poucas ou muitas cilindradas.

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Montaram também espaços para clubes de automóveis; acessórios; produtos de limpeza; capacetes e roupas especiais; carros novos; locais temáticos como oficina e estação de serviço; várias praças de alimentação.

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Um dos que nos atraiu foi o estande dos “Amigos do Ford T e A”, de B. Aires, que tinha dois experimentos: o primeiro, retirou a carroceria de um Ford A, deixando chassi, freios e motor à mostra, fazendo-o funcionar e demonstrando seus componentes: faíscas das velas, controle de mistura do carburador, acionamento dos freios,…  O Sr. Pedro, técnico mecânico (70 anos) retirava os contatos das velas (lâminas), com as mãos nuas, enquanto explicava pormenorizadamente todo o processo, com elogiável conhecimento e gentileza.

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No segundo experimento, foi serrado e aberto um motor de Ford A,  horizontalmente deitado, ficando expostos o comando, válvulas, virabrequim, coroa, e todas as partes móveis, devidamente pintadas com cores distintas.  Apenas um cilindro ficou fechado.  Assim, mesmo com apenas um cilindro funcionando,  assistia-se o sincronizado “balé” das partes movimentando-se.  Incrível, lindo e elucidativo. 

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Outro ponto interessantíssimo foi a ala dos veículos a vapor, funcionando, incluindo um Rochester 1888, que participou e ganhou a primeira corrida de automóveis realizada naquele hipódromo, em 16 de novembro de 1901 (112 anos!). As locomotivas, tratores, locomóveis e motores a vapor também bastante interessantes…

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No final da tarde, questionamos sobre a possibilidade de continuarmos ali estacionados para pernoitar, visto que viajaríamos cedo no dia seguinte.  Embora outros mhomes (expositores de carros ou peças) foram autorizados, recebemos várias negativas e decidimos voltar para o estacionamento de B.Aires. O interminável congestionamento promoveu um longo exercício de paciência, condimentado com loucos afoitos, motoqueiros ziguezagueando, carros estacionados em fila dupla,… Em três horas de sufoco conseguimos chegar ao estacionamento (20km), sãos e salvos.  

Domingo, dia de voltar para o Uruguai. Tomamos café no mhome (acabando com todas as coisas da geladeira) e antes das 8h estávamos dentro do pátio da Buquebus, aguardando para embarcar (10:15h).  Diferente da vinda, agora os cães entraram no mhome e em todos os outros carros, procurando por alimentos proibidos e narcóticos.

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Embarcamos e fizemos  ótima viagem de retorno. Na chegada em Colonia (UY), almoçamos no shopping e acessamos internet, depois seguimos viagem pela Ruta 21, parando em Carmelo para fazer compras no supermercado Ta-Tá.

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Como no Uruguai o horário de verão está em vigor, o sol estava alto, resolvemos rodar até Dolores; onde pernoitamos num posto Petrobrás novo e agradável (S 33º42,449’ W 58º13,687’); atendimento gentil, sanitários limpos, duchas com  moedas, placas solares gerando energia e diesel (gasoil) confiável.

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Amanhã seguiremos viagem, mas isto fica para a próxima postagem.

Abraços e Até breve.  San & Dan.

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4 comentários:

Cabrera Moto disse...

Dan & San, sou aficionado por Moto, mas acompanhado seu blog, estou começando a mudar. O Blog muito bem detalhado e descreve de uma forma que todo aventureiro gostaria de saber, parabéns. João Cabrera.( www.cabreramoto.blogspot.com )

Sandra disse...

Olá Cabrera.
Agradecemos a visita; já fomos visitar o seu blog e tem umas fotos e lugares lindos também.
A moto tem a vantagem da velocidade (mais percurso em menor tempo), mas o mhome tem a vantagem de ser mais confortável (casa) e ser mais lento.
:)
Abraços
San & Dan

Motorhome Repórter disse...

Acabo de acessar o blog de vocês porque em futuro breve estarei um dos companheiros de viagens de vocês. Gostei bastante do relato desta aventura que fizeram ao "Planeta dos Macacos" e retiro de minha agenda a provável viagem programada para a Argentina. Felicidades para vocês - http://eusoupensante.wordpress.com/

Sandra disse...

Olá Argemiro:
Os comentários sobre as dificuldades de Buenos Aires, são apenas um alerta, para os que não conhecem B.A. que não se assustem; para os que conhecem saibam que é apenas uma crise, que todos esperemos que passe...
Estivemos hoje em Puerto Iguazu, os preços estão um pouco menores que em B.A., mas aquela variedade de produtos de outrora, não existe mais.
Obrigados pela visita.
San & Dan